A Filha do Mal

O anúncio inicial de que o Vaticano não aprovou a exibição de “A Filha do Mal” (The Devil Inside, 2012) é, querendo ou não, um criador de tensão. Apesar de muito já se saber que esse tipo de informação mais tira do que dá crédito à pelí­cula, sempre fica aquela sensação de “vai que” o negócio presta.

O enredo do filme é simples e duvidoso. Isabella descobre que sua mãe está internada a 20 anos em uma instituição para doentes mentais, em Roma, depois de ter matado 3 pessoas durante um ritual de exorcismo feito nela. Ela então decide participar de um curso sobre o assunto e solicitar novamente ajuda da igreja para salvar sua mãe. 

E por que não filmar tudo isso? Seguindo a tendência dos filmes de terror da moda (vide REC e a trilogia Atividade Paranormal), a linguagem escolhida para contar o filme é a de falso-documentário (ou mocumentário), mas não convence nem um pouco. Não existe justificativa plausí­vel para manter a câmera rodando durante os acontecimentos, com exceção das gravações feitas nos veí­culos e nas salas de exames.

As incursões de depoimentos dos personagens não apresentam informações além das óbvias perceptí­veis por quem está acompanhando o filme e são por demasiado forçadas, porém é responsável por uma das cenas mais simples e de maior incômodo do filme, quando Isabella está falando para câmera e se levanta para ir até a cozinha e vê o padre David comendo numa agoniante escuridão completa.

A ingenuidade de todos os envolvidos não é condizente com as situações que estão vivendo (e alguns já viveram) no momento. Chega a ser, em alguns momentos, irritante. Dá completo descrédito aos exorcistas e, em uma cena em especí­fico, à polí­cia da Itália.

Mesmo com o claros problemas, a tensão criada pelo filme, especialmente nos momentos após o exorcismo realizado na mãe da protagonista, é bastante grande. Esse, por sinal, é o único mérito do filme. Faz seus quase 90 minutos passarem rapidamente. Se esse é o tipo de sensação que você quer ter, uma volta em uma montanha-russa costuma ter o mesmo efeito, sem causar a frustração digna de uma boa gargalhada do final.

 

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