O que você faz quando a pessoa que você confiou todo o seu dinheiro e o dinheiro de seus colegas de trabalho é presa sob acusação de fraude e roubo? John Kovacs e alguns de seus companheiros de trabalho resolvem assaltar a cobertura do bandido de Wall Street e pegar seu dinheiro de volta. Esse é o fraco enredo de Roubo nas Alturas (Tower Heist, 2011).
Ben Stiller é Kovacs, um gerente de um condomínio de alto padrão em Nova York, que ao descobrir que foi enganado por um dos moradores é demitido e decide dar uma de Robin Hood, roubando do rico para devolver aos pobres. Acompanhado de seus ex-colegas de trabalho e de seu “amigo” infância (hoje ladrão profissional) bolam um esquema para invadir a cobertura e tirar de lá milhões de dólares.
A direção do filme é de Brett Ratner, de X-Men 3 e da franquia A Hora do Rush. Brett parece ter se especializado em fazer esse tipo de filme, seja como diretor ou como produtor, como no caso de Quero Matar Meu Chefe (Horrible Bosses, 2011). O estilo do diretor nos diálogos entre o negro (Eddie Murphy) e o branco (Ben Stiller) lembra bastante o de sua franquia de ação/comédia.
O roteiro de Roubo nas Alturas é fraco. Tanto quanto as motivações dos personagens, que apesar de bastantes nobres, não cativam. O pseudo-relacionamento de Kovacs (Ben Stiller) e a policial do FBI, interpretada por Téa Leoni, não engrena nunca. Entretanto, o ponto que mais chama atenção no roteiro e na montagem do filme é o excesso de criatividade para criar situações inusitadas e falta de dela para tirar os personagens de lá. Mais de uma vez ao longo do filme, é possível ver uma situação complicada (e porque não dizer inverossímil) ser resolvida com um simples corte de cena.
Mesmo com um elenco que chama a atenção, com Ben Stiller, fazendo o papel de si mesmo como em quase todos os seus filmes, Matthew Broderick, tão perdido em cena quanto seu personagem perdeu de dinheiro no filme, somente chamam a atenção Alan Alda, que nas cenas em que precisa ser um babaca de Wall Street o faz com maestria criando uma atmosfera de antipatia e repulsa, e Gabourey Sidibe (Preciosa), que interpreta uma imigrante de Porto Rico que serve de alívio cômico da trama. Também está na trama Eddie Murphy, fazendo o papel de “tutor” do grupo de assaltantes principiantes, mas sua atuação sempre caricata parece estar saturada e não faz mais rir como antigamente.
Roubo nas Alturas é um filme regular, claramente querendo fazer o cinema-entretenimento, mas pouco consegue. Não empolga nas sequências de aventura e não faz gargalhar nas cenas de comédia. Tipicamente um filme para se assistir em casa quando não se tem nada de mais para ver na televisão.
oscarnogueira 