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A Cilada de Competência e como ela pode estar impactando sua empresa e sua carreira

Durante essa crise de coronavírus, todas as empresas já falaram sobre transformação digital. As que já estavam “transformadas”, aprenderam mais um pouco e as que ainda não tinham chegado lá, se aceleraram. Sempre que estamos falando de transformação, seja ela qual for, uma das “célebres” frases de efeito que sempre aparecem é aquela “O que nos trouxe até aqui, não é o que vais nos levar para frente”.

Essa frase é horrorosa, mas ela serve muito bem pra representar um conceito que esse post trata, que é chamado de Cilada de CompetênciaCompetency Trap, em inglês. Tem gente que prefere usar o termo Armadilha de Competência, mas usar armadilha no lugar de cilada é jogar fora todo um lore de “Carga Pesada” e a relação entre os icônicos Pedro e Bino!

OK, vamos deixar Antônio Fagundes e Stênio Garcia de lado e falar um pouco mais sobre a peça central do nosso texto.

A Cilada da Competência é quando temos a convicção de que nossas práticas, ideias, modelos mentais e até mesmo nossos princípios que se mostraram eficientes no passado, irão continuamente nos trazer sucesso e um melhor julgamento das coisas no futuro.

“Ah! Mas será que isso acontece de verdade?”.

Vou dar o exemplo de uma empresa de um baita sucesso do passado, que os mais novos podem até não conhecer, que é a Xerox.

Vocês sabiam que lá pelos anos 70, a Xerox já tinha criado um protótipo funcional de um computador pessoal, que possuía um dispositivo de entrada de dados com um ponteiro e um conceito de aplicativos rodando em janelas? A empresa já tinha nas mãos o que seria o padrão em computação para, no mínimos, os próximos 70 anos.

Pois é, mas o executivos de alto escalão da companhia, entenderam que esse novo produto não tinha relacionamento com o core da empresa, que, na
época, era focado em máquinas de fotocópia. Dessa forma, acabaram decidindo por deixar de lado esse novo mercado, continuar fazendo o que eles faziam de melhor (fotocopiadoras) e engavetar o produto que eles tinha chamado de Xerox Alto.

Muito inspirados por esse produto da Xerox, Bill Gates e Steve Jobs se “inspiraram” nas janelas e no recém inventado, mouse, e o resto é a história que vocês já conhecem.

Do ponto de vista das empresas, a Cilada de Competência é resultado de um desbalanceamento entre o Exploration e o Exploitation.

Para quem não tá muito familiarizado com os termos, o Exploration é quando a empresa está procurando por novas oportunidades de produtos, mercados e/ou ofertas; o Exploitation é quando, você se aproveita de uma oportunidade encontrada para melhorar seus resultados, sejam eles quais forem (receita, imagem, abrir novos mercados…).

Em uma empresa saudável, você está constantemente trabalhando dentro das duas fases. Renovando o portifólio, evoluindo a forma de fazer as coisas e mesmo adaptando produtos/ofertas para novos mercados. Quando isso não acontece e o foco é total em Exploitation, as chances da Cilada de Competência aparecer são grandes, pois as oportunidades de evolução e crescimento em novos mercados não virão e acontecerá o definhamento da oferta e/ou mercado, deixando a empresa a ver navios.

Você, caro leitor, é um jovem esperto e já deve ter percebido que esse problema não acontece somente com as empresas, claramente você, na pessoa física, também está suscetível a passar por isso.

“Vixe! Quer dizer que esse negócio de Cilada de Competência é real e pode me afetar? E como eu saio dessa cilada, Bino?” (Desculpe, não consigo não pensar em Carga Pesada).

A resposta é: Aprendizado Contínuo. Em inglês, o termo mais usado é o Lifelong Learning. Independente de estar falando em português ou em inglês, o mais importante entender o que significa.

O Lifelong Learning está pautado nos cinco pilares da educação, que são tão importantes e você tem que levar pra vida: aprender a saber, a fazer, a conviver, a ser e a transformar (você mesmo e a sociedade).

Todos esses pilares, são fundamentais para a vida, mas no contexto desse post, acredito que o último é o mais relevante. Aprender para se transformar é a forma mais pura de continuar evoluindo e encontrar novas formas de resolver problemas antigos, e também devolver isso para a sociedade, gerando o impacto que muita gente, na pessoa física ou jurídica, quer causar no mundo.

Cinco pilares da educação da UNESCO

Por mais que os problemas que você costuma lidar sejam os mesmo, existem diferentes formas de resolvê-los. E é experimentando novas formas e cruzando experiências entre áreas que não necessariamente deveriam se cruzar, é colocando em conflito produtivo os valores, conhecimentos e culturas de diferentes grupos, que novas formas surgem.

Interaja com outras pessoas do seu círculo que não são da suas área de atuação profissional. Participe de encontros e meetups. Dê aulas. Ouça os alunos. Busque insights dentro de outras áreas. Combine ideias. Muita coisa nova pode surgir.

Se quiser sair dessa leitura com alguma coisa na cabeça, saia sempre se questionando se a forma como você está fazendo o seu trabalho está evoluindo com o passar do tempo; saia desse texto pensando se você tem estado aberto para experimentar novas formas de resolver os problemas, mesmo que sejam problemas que você já está acostumado a resolver.

Se você se apega demais a alguma solução ou ferramenta ou metodologia e se fecha para as outras opções, reflita. A conclusão pode ser “não era amor. Era CILADA!!” 🙂

Amplexos!