Você é um termômetro ou um termostato?

Recentemente “audio-li” o livro “Tribes”, do autor gringo Seth Godin. O Seth Godin é um cara meio polêmico, algumas pessoas o seguem cegamente e concordam integralmente com o que ele fala, outras vivem para contestar e criticar tudo o que ele diz. Eu prefiro guardar aquilo que gosto e ignorar o que não vejo sentido.

Uma das coisas que li (ou ouvi) no seu livro foi o conceito de termômetro e termostato, qual a função de cada um e um paralelo deles com o seu posicionamento no mundo corporativo, mais especificamente relacionando-o com o tema liderança.

O termômetro é capaz de medir a temperatura do ambiente, entender se está quente ou frio, e se adaptar para a necessidade do momento; um termostato, mede a temperatura do ambiente e é capaz de controlar a situação, fazendo a temperatura subir ou descer conforme a sua necessidade.

No mundo corporativo, uma boa parte dos bons profissionais conseguem ler o ambiente e se colocar conforme a necessidade, ou seja, é um termômetro. Neste mesmo mundo, um ótimo profissional age como um termostato, entendendo o ambiente e o moldando conforme suas necessidades e/ou crenças.

Lí­deres certamente são termostatos, pois conseguem entender o clima ao seu redor e, se a temperatura está ficando quente ou estressante, realizar ações para deixar o clima mais leve; e vice-versa.

A liderança efetiva sempre está de olho nesses indicadores, pois eles estão diretamente ligados à produtividade e a qualidade do que está sendo entregue pelo time. Essa caracterí­stica também é importante para garantir que a moral do time esteja sempre elevada, para criar o comprometimento necessário de todos.

E você, se considera um termostato ou um termômetro? Você consegue enxergar esses perfis em seus colegas de trabalho?

Whiplash: exemplo de liderança?

Recentemente assisti ao filme “Whiplash“, onde um jovem aspirante a bateirista, estudante de uma das mais renomadas escolas de música dos Estados Unidos, encontra o grande desafio de sua carreira quando decide participar da banda de jazz liderada pelo melhor professor da escola.

Trabalhando as analogias, o estudante, interpretado por Miles Teller, é a representação de um funcionário com um talento ainda bruto para o trabalho, precisando ser lapidado e tratado para dar o melhor de seu resultado. Quem é responsável por essa lapidação é J.K. Simmons, o maestro/professor e equivalente ao seu gestor/chefe.

A principal caracterí­stica do professor é o seu perfil de liderança e cobrança de resultados: gritaria, pressão psicológica e até agressões verbais e fí­sicas. Muitos podem não acreditar, mas ainda existem “gestores” que usam essas técnicas para motivar o time é conseguir os resultados.

O filme trabalha muito bem o resultado dessa forma de liderança. O que é relevante para o resultado é o perfil do liderado. O personagem de Miles, se entrega completamente e mesmo com toda essa pressão consegue entregar seu melhor e se superar cada vez mais, até tornar-se um expoente da música. O mesmo não é verdade para outros personagens mostrados durante o filme, que mesmo entregando o resultado esperado, não conseguiram suportar a tanta pressão e ficaram marcados pela vida por essa liderança, o que pode levar para um destino trágico.

No fim das contas, os efeitos de uma liderança antiquada e cheia de pressão pode ser bastante efetivo no curto prazo, mas seus efeitos negativos podem durar para a vida, desestabilizando o profissional e reduzindo sua vida útil para o trabalho.

Quanto ao filme, é uma excelente opção para assistir no cinema. As músicas e a trilha sonora são fantásticas e o relacionamento intenso entre professor e aluno te deixa sentado na ponta da poltrona.

Gestores e Lí­deres. Qual a diferença?

Nem todos os gestores são realmente lí­deres e não necessariamente precisam ser. Ambos os perfis são importantes para o sucesso corporativo, mas é importante que existem diferenças e que você não precisa buscar uma posição de gestão para começar a fazer a diferença no seu time.

Gestores usualmente devem possuir habilidades de controle de atividades, gestão de tempo, comunicação e especialmente pessoas. Entender o que é importante para cada perfil de sua equipe e quais as aspirações de cada membro é bastante relevante para o sucesso profissional dele e do time.

Se trabalharmos com a ideia de cí­rculos, um gestor tem um Cí­rculo de Poder sobre o time, pois há essa sensação de hierarquia e report de atividades e impedimentos.

Lí­deres, por outro lado, não necessariamente possuem pessoas embaixo deles. As habilidades de um lí­der acabam sendo de direcionamento de modo de pensar e motivação do time. Um lí­der é capaz de influenciar a tomada de decisões e inspirá-los para um caminho de sucesso.

O cí­rculo de um lí­der, diferentemente e um gestor, é um Cí­rculo de Influência, onde a questão da hierarquia não é necessariamente existe. É como um aconselhamento.

Uma forma interessante de saber se você é um lí­der ou um gestor é prestar atenção na quantidade de pessoas que vêm até você para se reportar e nas que vêm para procurar algum auxí­lio ou buscar um conselho.

E você? Já sabe onde se encontra? Tem a caracterí­stica dos dois perfis?

Os ní­veis de unidade que suportam a liderança

Fazer com que todos os membros da equipe estejam de acordo com as decisões que são tomadas, nem sempre é uma tarefa fácil. Para chegar nessa unidade e consequentemente conseguir o apoio de todos do time, é importante entender quais ní­veis existem.

O primeiro é a Aceitação. Nesse ní­vel, as pessoas aceitam suas decisões sem perguntar e, muitas vezes, sem se importar. Isso pode acontecer pelo simples fato deles entenderem que o “custo” da pergunta não vale a resposta.

O segundo ní­vel é a Concordância. O time concorda com você e está irá apoiar suas decisões, porém o envolvimento é somente racional. Caso convencidos de que outra opção é mais sensata ou logicamente correta, será fácil fazer com que eles deixem de apoiá-lo.

O ní­vel mais alto de unidade é o Alinhamento. Quando todos estão de acordo em apoiar suas decisões, mesmo sem necessariamente concordar com ela. Esse ní­vel mostra que o time está organicamente integrado e mesmo que haja alguma discordância, todos seguirão o mesmo caminho.

A parte mais complicada é você, enquanto lí­der, entender em que ní­vel está e o que pode fazer para chegar até o Alinhamento. Conhecer seu time e quais as motivações de cada um é um grande começo.